Nas Fronteiras da Epilepsia
Companheiros Difíceis!
Por Emmanuel/ Chico Xavier
Companheiros difíceis não são as criaturas que ainda não nos atingiram a intimidade e sim aquelas outras que se fizeram amar por nós e que, de um momento para outro, modificaram pensamento e conduta, impondo- nos estranheza e inquietação.
Erigiam-se-nos por esteios á fé, soçobrando em pesada corrente de tentações...
Brilhavam por balizas de luz, á frente da marcha, e apagaram-se na noite das conveniências humanas, impelindo-nos á sombra e á desorientação...
Examinado, porém, o assunto com discernimento e serenidade, seria, justo albergarmos pessimismo ou desencanto, simplesmente por que esse ou aquele companheiro haja evidenciado fraquezas humanas, peculiares também a nós? Atento ás realidades do campo evolutivo, em que nos achamos carregando fardos de culpas e débitos, deficiências e necessidades que se nos encravaram nos ombros, em existência passadas, como exigir dos entes amados, que nos respiram o mesmo nível, a posição dos heróis ou o comportamento dos anjos?
Com isso, não queremos dizer que omissão ou deserção nas criaturas a quem empenhamos confiança e ternura sejam condições naturais para a ação espiritual que nos compete desenvolver, e sim, que, em lhes lastimado as resoluções menos felizes, é imperioso orar por elas na pauta da tolerância fraternal com que devemos abraçar todos aqueles que se nos associam ás tarefas da jornada terrestre.
Se Jesus nos recomendou amar os inimigos, que diretriz adotar ante os companheiros que se fizeram difíceis, senão abençoá-los em mais alto grau de entendimento, carecedores como se encontram de mais ampla dedicação? Sem dúvida, eles não podem, em muitas ocasiões, compartilhar-nos, de imediato, as atividades cotidianas, á vista dos compromissos diferentes a que se entregam; entretanto, ser-nos-á possível, no clima do espírito, agradecer-lhes o bem que fizeram e o bem que nos possam fazer, endereçando-lhes a mensagem silenciosa de nosso respeito e afeto, encorajamento e gratidão.
Cumprindo semelhante dever, disporemos de suficiente paz interior para seguir adiante, na desincumbência dos encargos que a vida nos confiou. Compreendendo que se o próprio Senhor nos aceita como somos, suportando-nos as imperfeições e aproveitando-nos em serviço, segundo a nossa capacidade de sermos úteis, é nossa obrigação aceitar os companheiros difíceis como são, esperando por eles, em matéria de elevação ou reajuste, tanto quanto o Senhor tem esperado por nós.
Fonte; Xavier, Francisco Cândido, Alma e Coração. Págs, 63-64. Editora Pensamento, 1972.
Uma publicação do Centro de estudos Espíritas “ Nosso Lar” – Campinas/SP